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Pecuarista suspeito de queimar menino indígena com ferro de marcar boi é proibido de se aproximar da vítima e sua família

Caso aconteceu em um retiro perto da Aldeia Macaúba, na Ilha do Bananal

Joabe Reis
Por: Joabe Reis Fonte: G1
26/10/2024 às 11h11
Pecuarista suspeito de queimar menino indígena com ferro de marcar boi é proibido de se aproximar da vítima e sua família
Braço do menino marcado com ferro na Ilha do Bananal — Foto: Divulgação

Um pecuarista do estado do Tocantins, suspeito de ferir um menino indígena de seis anos com um ferro de marcar gado, está proibido de se aproximar da criança e sua família por determinação judicial. A liminar da Justiça atende pedido do Ministério Público do Tocantins (MPTO) que acompanha o caso na Ilha do Bananal.

A agressão à criança aconteceu em um retiro que fica próximo à Aldeia Macaúba. O pecuarista aluga terras na região e representante do povo Karajá querem que ele deixe a ilha. A reportagem tentou contato com o suspeito, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Conforme o Ministério Público, o pecuarista investigado está proibido de se aproximar a uma distância mínima de 300 metros da vítima e de sua família ou manter contato com eles. A decisão liminar é do juiz José Eustáquio de Melo Júnior, da 2ª Vara de Cristalândia.

O MPTO e Polícia Civil então investigando quais as circunstâncias da agressão ao menino.

Segundo um documento feito pela família do menino e entregue à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o investigado estava irritado com a criança, e por isso agarrou-a pelo braço e a marcou com um marcador de gado, causando lesões físicas e psicológicas.

No boletim de ocorrência foi relatado que a criança brincava e corria nas proximidades onde pessoas lidavam com o gado. Nesse momento, o proprietário do retiro irritou-se com a brincadeira e a feriu com o ferro de marcar os animais, gerando queimadura grave no braço direito. Assustada, a criança correu para os braços da mãe.

O caso foi registrado a princípio pela Polícia Civil do Mato Grosso, mas foi remetido na quarta-feira (23) para a 57ª Delegacia de Polícia de Pium, que está investigando o crime de agressão contra a criança.

Providências

O Ministério Público teve conhecimento do caso após a Defensoria Pública e Funai ser informada sobre a agressão à criança durante atendimento à comunidade, no dia 18 de outubro.

A promotora Isabelle Rocha Valença Figueiredo, responsável pelo caso, informou que o órgão solicitou o boletim de ocorrência e ingressou imediatamente com um pedido de medidas cautelares para afastar o agressor da vítima, de seus familiares e testemunhas por um raio de 300 metros. "Também pleiteamos a proibição de qualquer tipo de contato do agressor com a criança e seus familiares por qualquer meio, seja por telefone, mensagem ou por meio de outra pessoa", explicou a promotora.

Menino de 6 anos teve o braço ferido — Foto: Divulgação

O coordenador da Funai Araguaia Tocantins Bolivar Xerente informou que a instituição também tomou providências com relação à agressão ao menino indígena. "A Funai já encaminhou para a Justiça. A gente está fazendo de tudo mesmo para atender e também a pessoa que fez isso responder no processo".

Manifestações em defesa da criança

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também se manifestou sobre a agressão. "O Cimi pede que aos órgãos competentes, ao Ministério Público Federal, à 6ª Câmara que puna este agressor contra essa violência que os povos indígenas estão sofrendo na Ilha do Bananal", afirmou Eliane Franco Martins, membro do conselho.

A Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) também se manifestou e informou que está dando todo o suporte necessário e acompanhando de perto o caso criminoso de violência infantil envolvendo a criança da aldeia Macaúba.

Em nota o Ministério dos Povos Indígenas disse que é inadmissível que fatos como esse continuem acontecendo, o que torna mais triste e lamentável quando as vítimas são crianças. Também afirmou que segue trabalhando de forma firme e consistente para combater o racismo contra os povos indígenas. Por fim, a nota assinada pela ministra Sônia Guajajara disse que lamenta profundamente o corrido e se solidariza com a família.

A matéria é das jornalistas, Patricia Lauris e Ana Paula Rehbein, do g1 Tocantins e TV Anhanguera

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