Após a Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Uruará, nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, houve uma Sessão Especial que homenageou o saudoso professor João Prado da Costa, de 58 anos, que morreu vítima de um disparo de arma de fogo na tarde do domingo, 16 de fevereiro de 2025, na cidade de Uruará. A homenagem aconteceu na manhã desta sexta-feira, 28 de fevereiro.
João Prado
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Nós conversamos com a conselheira tutelar, Maria Helena Prado, irmã de João Prado, que solicitou a homenagem. “Eu acho que não tem nada mais justo do que esta homenagem ao meu irmão. Nós seres humanos temos dois tipos de vida, um é quando nós somos úteis para a sociedade, para as pessoas que estão próximas e o outro é quando a gente adoece mesmo. A gente vê que quando alguém adoece que não está mais tendo uma renda positiva você realmente é esquecido e as vezes a gente é esquecido por tudo, e a gente nem percebe que a gente mesmo está largando, a sociedade larga. Há doença de todo jeito, mas quando se trata de depressão (caso do professor João Prado) que é uma doença que mata comprovadamente, preocupa muito mais ainda. Não existe uma política pública (em Uruará) direcionada para esse assunto. E ainda para completar você fica com um cidadão de bem, doente junto (convivendo) com os meliantes que são as pessoas que estão armadas, porque se ele (João Prado) não morresse de tiro iria morrer de facada, já que o cara estava armado também de faca. Hoje aqui (na homenagem) nós fizemos um pedido de memorial para que o João não fique esquecido na memória de Uruará, porque ele é um fundador e é um professor de gerações que infelizmente foi acometido pela doença. Mas isso serve para um alerta para a sociedade, qualquer um de nós podemos adoecer e nós precisamos sim de cuidados de alguém. E eu fico mais indignada ainda porque eu procurei por várias vezes o poder público. Hoje eu não tenho a morte do meu irmão como uma fatalidade e sim como uma negligência. As leis são feitas bonitinhas para o homem, só que na hora que ele precisa ou você morre porque desiste ou morre porque cruzou os braços. A gente não morre só de tiro, mata-se também de braços cruzados”, disse.
Durante a homenagem foram erguidos cartazes e faixas com mensagens alusivas ao professor e ao fato ocorrido com o mesmo.
Maria Prado mora em Uruará desde 1979 e diz estar com medo de morar na cidade atualmente por causa da violência.“Eu estou com muito medo de morar aqui devido a violência como os homicídios, feminicídios, violência no trânsito, e a gente só sente direitinho quando é consigo. Meu irmão foi morto vítima de bala perdida, assim dizem, mas a minha indignação não é só por ele, é por todos, porque aqui em Uruará todos os dias está morrendo uma pessoa, então já está na hora da sociedade civil, nós de Uruará pensar sobre a nossa ideia de vida como será porque o tiro vem para todos, vem para o caixote, vem para a caixa, pro gato, pro idoso, pra criança e qualquer um de nós pode ser vítima da violência”, desabafou.
A Polícia Civil informou que continua investigando o caso, mas ainda não foi possível identificar o autor do disparo de arma de fogo que causou a morte de João Prado.